Brasil Tem Mais Faculdades De Direito Do Que Todo O Mundo

Discussão em 'Notícias e Jurisprudências' iniciado por ewerton_fr, 14 de Outubro de 2010.

  1. ewerton_fr

    ewerton_fr Membro Pleno

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    Brasil tem mais faculdades de Direito do que todo o mundo


    O Brasil tem mais faculdades de Direito do que todos os países no mundo juntos. Existem 1.240 cursos superiores para a formação de advogados em território nacional enquanto no resto do planeta a soma chega a 1.100 universidades. Os números foram informados por Jefferson Kravchychyn, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

    “Temos 1.240 faculdades de direito. No restante do mundo, incluindo China, Estados Unidos, Europa e África, temos 1.100 cursos, segundo os últimos dados que tivemos acesso”, disse o conselheiro do CNJ.

    Segundo ele, sem o exame de ordem, prova obrigatória para o ingresso no mercado jurídico, o número de advogados no País –que está próximo dos 800 mil— seria muito maior.

    “Se não tivéssemos a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) teríamos um número maior de advogados do que todo o mundo. Temos um estoque de mais de 3 milhões de bacharéis que não estão inscritos na ordem”, afirmou Kravchychyn.

    Má qualidade
    Na opinião do conselheiro do CNJ, as faculdades de Direito no Brasil deixam a desejar. “Temos mais de 4 milhões de estudantes que estudam em faculdades que não ensinam mediação, arbitragem, conciliação. Ou seja, temos um espírito litigioso. Tudo eu quero litigar [discutir]. Isso é da formação da própria faculdade”, comentou o conselheiro, que citou, ainda, o perfil do brasileiro que entra com ações na Justiça.

    “Não quero criticar o advogado, mesmo porque sou um. Mas precisamos mudar a consciência social sobre brigas no judiciário. Como todo mundo tem um advogado ou bacharel em direito na família, ou conhecido, qualquer coisa é motivo para entrar na Justiça”, finalizou.

    Fonte: http://colunistas.ig.com.br/leisenegocios/2010/10/13/brasil-e-campeao-em-faculdades-de-direito/
  2. glaubermoreirabs

    glaubermoreirabs Bacharel em Direito

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    O maior problema não reside no número de faculdades, mas sim na dedicação de cada aluno.
    Hoje a maioria dos estudantes em curso superior tem o péssimo costume de colar. Ou seja, passam a vida acadêmica pegando carona e não estudam. Logo, não serão bons profissionais. Digamos que 30% da formação acadêmica dependa da faculdade, os outros 70% dos alunos.
    Historiador Carioca e tiagod curtiram isso.
  3. tiagod

    tiagod Membro Pleno

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    E além disso, há inúmeras pessoas que "resolvem" fazer Direito apenas pensando no status social que terá depois, ou até mesmo pensando que ao fazer Direito poderá garantir uma vida confortável. Não que não seja certo pensar nisso, cada um pensa como quiser, mas a questão é que muitos estudantes não pensam que essa formação é para a vida toda. Nem mesmo chegam a refletir se é isso mesmo o que elas querem para sua vida profissional. Eu mesmo, como acadêmico do curso, observo nitidamente que há estudantes que talvez não deveriam fazer Direito, dispender todo investimento financeiro, etc., sendo que vão "empurrando com a barriga" a faculdade.
    Aí o que acontece depois? É o que vemos com frequência, que são profissionais despreparados, que inclusive muitas vezes causam prejuízos às partes que defendem.

    Uma professora minha já dizia: "O mercado de profissionais da advocacia não está saturado, o mercado está sim saturado de maus profissionais."
    Enfim, cabe a cada um se dedicar e fazer a diferença lá na frente! É o que eu penso.
    Historiador Carioca curtiu isso.
  4. ewerton_fr

    ewerton_fr Membro Pleno

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    Concordo com tudo que os senhores disseram.

    Mas é de convir que os dados são de alarmar. A proliferação sem qualquer critério dos cursos de direito no Brasil é incrível! O que me preocupa acima de tudo é o viez dado na formação dos futuros profissionais.

    Antes de criação de qualquer curso deve ser pensado, pelo menos, qual o critério orientador do profissional que pretende formar: se pretende uma abordagem mais humanista ou mais dogmática etc. O que se vê na verdade é que o único critério adotado por essas faculdades privadas que nascem a todo instante é o do lucro. O futuro profissional é visto como produto, mercadoria. O aluno, por sua vez, se entra naquela faculdade meramente com a intenção de obtenção de status social (como bem disse o Thiago), não é levado a nenhuma reflexão crítica durante sua formação e acaba querendo apenas "passar" nas matérias para a obtenção do diploma.

    O resultado disso é um pacto promíscuo que só vem prejudicar àqueles que necessitam se socorrer desses profissionais.
  5. Fabíola Larissa

    Fabíola Larissa Em análise

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    Como disse um ex-professor:
    "Muitos estudantes de direito terminam a faculdade sem pegar em nenhum livro, ficam cinco anos sem sequer se interessar sobre os direitos das pessoas, passam em concursos para magistratura sem ler nenhum livro, sem experiência alguma, e depois VÃO JULGAR AS NOSSAS VIDAS".
  6. Igor Moret

    Igor Moret Em análise

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    É óbvio que o problema do ramo do direito no Brasil é sim o grande número de universidades, atrelada a falta de fiscalização e qualidade das mesmas!

    Mesmo que houvesse uma massa gigantesca de milhares alunos que concluem a faculdade "colando" – o que não se sustenta –, a faculdade estaria atestando sua incompetência em não evitar a cola e aprová-los.

    O número crescente de universidades particulares no Brasil, com a conivência passiva e ativa do MEC, ocasiona maior oferta em um mercado que já é atraente, principalmente por causa da possibilidade de se ingressar na carreira pública (onde para o ramo do direito é o mais bem pago). Essa maior oferta com várias universidades próximas umas da outras ocasiona grande concorrência, fazendo com que as universidades reduzam seus custos para atrair mais alunos – inclusive os de baixa renda, que são milhares!

    Redução de custo, por sua vez, significa queda de gastos. E é o que acontece no Brasil: as universidades investem cada vez menos na infra-estrutura e no corpo docente. Tanto é que na maioria das universidades particulares brasileiras a hora/aula de um professor é bem menor do que a hora/aula do mesmo nas universidades públicas, resultando em professores com maior qualificação na mesma.

    Ademais, essas universidades tendem a abolir o vestibular, como vem ocorrendo, fazendo "exames" esdrúxulos que tem o nítido interesse de "pular etapa", ao invés de avaliar. Exemplo é o caso de uma universidade particular carioca que aprovou um semi-analfabeto para o curso de direito em (pasmem!) 9° lugar!

    E onde está o MEC nisso? Cadê a fiscalização das universidades? Onde está uma política nacional para concessão de autorização para o funcionamento das universidades, exigindo um mínimo de qualidade das mesmas?

    Não há como jogar a culpa principal no aluno! Basta ver, como exemplo, aqui no Rio de Janeiro: a PUC e a FGV tem vestibulares com um nível mínimo de exigência, investem no corpo docente, tem uma grande estrutura que lembra uma universidade (fazendo com que o aluno vivencie e mesma), e por isso estão concorrendo em qualidade com as públicas! Aluno que "cola" lá não passa! Só que para essa qualidade, há um custo: por menos de R$ 1,5 mil você não "dá o ar da graça" nessas universidades (quiçá com bolsa).

    Está para nascer alguém que passa na magistratura, de maneira honesta, sem pegar em nenhum livro! Basta ver que existem concursos que o número de aprovados é zero, ou seja, até os melhores das melhores universidades são reprovados!

    Saudações a todos!
    ewerton_fr curtiu isso.
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